sexta-feira, 25 de março de 2011

O Pentecostalismo Como Religião Neoliberal

Considerando a contribuição dada pelo movimento pentecostalista ao estado neoliberal, podemos afirmar que o pentecostalismo e suas ramificações formam o tipo ideal de religião, dos estados contemporâneos que adotaram esta doutrina econômica como matiz ideológica padrão em suas decisões políticas.
A práxis pentecostalista (incluindo os pentecostais católicos), desenvolveu sua concepção de justiça social em direção aos conceitos vagos de caridade e fraternidade, esgotando-se na prática do assistencialismo, favorecendo, dessa forma, a consolidação do Estado neoliberal e seus princípios, sobretudo, o da propriedade privada.
Pode ser que seja raro ver um Católico pentecostal participando de um movimento ou ONG de reivindicação de direitos sociais, mas o mesmo podemos dizer, em relação aqueles que se auto denominam católicos das CEBs. Estes últimos não estão aprisionados pelos “dons do espírito” a esfera espiritual como os primeiros, entretanto, são reféns do medo e tornaram-se dessa forma “cristãos amarelos” que se fecham e esgotam o seu senso de justiça nas práticas litúrgicas e pastorais não sociais, aliás, a terminologia “pastoral social”, já é o suficiente para provocar “alergia e ânsia de vômito” na maioria dos agentes de pastoral da Igreja Católica.
Em relação ao pentecostalismo protestante a situação é mais agravante ainda. Você já ouviu falar de um cidadão chamado Karl Marx(1818-1883)? A meu ver nem um pensador exerceu tanta influência no pensamento social, econômico e político do séc. XX, quanto Karl Marx. Foi ele que disse que a religião é o ópio do povo e com esta afirmação conseguiu provocar um grande alvoroço no ideológico religioso-intelectual dos anos que lhe sucederam. Nunca encontrei uma frase que combinasse tanto com o pentecostalismo protestante quanto esta. Através de duas características predominantes em sua práxis, eles dominam com uma perfeição impressionante todas as pessoas que eventualmente já se encontrem em estado de fragilidade. Primeiro eu diria que eles usam e abusam despudoradamente da metodologia do impacto e da dependência psico-emocional, o que, até o momento, os torna imbatíveis em arrebanhar novos adeptos e mantê-los sob seu julgo. O grande sucesso do movimento pentecostal evangélico é também devido ao uso intenso do poder financeiro das igrejas-empresas, que investem pesado na construção da imagem através da aquisição de emissoras de rádio, televisão e outros meios de comunicação, com o intuito exclusivo de dominar o imaginário das pessoas.
Tudo o que o Estado neoliberal e opressor precisa para se consolidar é de grupos fortes e numerosos que dominem o espírito das pessoas e as torne inaptas a resistência a opressão. Considerando que o meio e a herança exercem uma influência quase irresistível no ser humano, afirmamos sem medo de errar, que a sociedade do futuro, cada vez mais pentecostal se tornará presa fácil aos interesses capitalistas e opressores do Estado neoliberal.
Concluímos que o estado de opressão que gera dor nos excluídos e miseráveis, continuará co-existindo com grupos cristãos que se desumanizaram porque perderam sua capacidade de se indignar, e por demais, se afastaram do Deus que tem como principio em sua práxis histórica, a libertação do oprimido do julgo do opressor.
Antonio Pereira da Silva

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